Existem numerosos exemplos de igrejas e ministérios individuais promovendo
as APE’s como parte de um ministério de palavras e atos de pequena escala,
mas os programas de grande escala também são possíveis. Por exemplo, a
Igreja Anglicana de Rwanda está no momento tentando incluir oitenta mil
pessoas em APE’s centralizadas na igreja como parte de sua cruzada holística
pela nação.
Quais as desvantagens das APE's? Dois problemas chamam a atenção. Primeiro,
os pobres às vezes lutam para dirigir bem os seus grupos, para manterem
registros precisos, e para fazerem cumprir a disciplina. Muitos Bancos de
Micro-Financiamento têm melhor desempenho em todas estas funções. Segundo,
as APE’s não mobilizam grandes quantias de capital para empréstimos tão
rápido quanto fazem os Bancos de Micro-Financiamento. Membros de grupo podem
perder a paciência com o processo de poupar dinheiro para gerar capital para
empréstimos, principalmente se os seus negócios puderem absorver empréstimos
maiores. Contudo, a APE é uma alternativa viável para tratar da ruína por
detrás de todos os níveis de pobreza no Mundo em Desenvolvimento.
Considere a APE afiliada com a Igreja Jehovah Jireh, uma congregação situada
em uma favela de Manila, Filipinas. Cada um dos membros desta associação de
poupança e empréstimos vive aproximadamente com 1 a 5 dólares por dia. Cada
membro deposita no grupo somente vinte centavos por semana, dinheiro que a
associação utiliza para fazer pequeníssimos empréstimos com juros aos
membros. Além disso, cada membro contribui com cinco centavos por semana
para o fundo de emergência da associação, para ser utilizado no fornecimento
de ajuda aos membros que enfrentarem uma crise emergencial.
De uma perspectiva ocidental, essas pessoas são extremamente pobres. Neste
foco, é instrutivo considerar as políticas que as APE’s desenvolveram para
seus fundos de emergência. O dinheiro do fundo é emprestado sem juros – não
doado – para membros do grupo cujos familiares caiam doentes. Nenhuma
assistência é disponibilizada a pessoas que tenham sua eletricidade ou água
cortadas por falta de pagamento das contas.
De acordo com o grupo, tal situação não constitui uma emergência, já que as
contas de eletricidade e de água são gastos domésticos regulares para os
quais deveriam estar preparados. O grupo também não fornece empréstimos
emergenciais para gastos com maternidade, porque a família teve nove meses
para se preparar para o nascimento do bebê. Finalmente a quantia do
empréstimo do fundo emergencial é limitada à quantia da contribuição de
poupança do membro que pede o empréstimo. Os membros das APE’s são pessoas
severas.
3. Quem você deve ajudar?
Muitas pessoas que vão até você para pedir ajuda declararão que estão em uma
crise, precisando de ajuda financeira emergencial para pagar contas de
serviços públicos, aluguel, comida ou transporte. Seria o socorro, a
intervenção apropriada para estas pessoas? Talvez sim, talvez não. Existem
diversas coisas a serem consideradas.
Primeiro, existe realmente uma crise acontecendo? Se você falhar em fornecer
a ajuda imediata, haverá realmente consequências sérias e negativas? Se não
houver, então o socorro não é a intervenção apropriada para a situação,
porque a pessoa terá tempo para tomar as devidas providências em seu próprio
beneficio.
Segundo, em que grau o indivíduo foi pessoalmente responsável pela crise?
Certamente que a compaixão e a compreensão estão em ordem aqui,
especialmente quando alguém se recorda dos fatores sistêmicos que podem
desempenhar um papel na pobreza. Mas ainda é importante levar em conta a
culpabilidade da pessoa na situação, como por exemplo, permitir que a pessoa
sinta parte da dor resultante de seu comportamento irresponsável, pode fazer
parte do “amor severo” necessário para facilitar a reconciliação da redução
da pobreza. O ponto não é punir a pessoa por quaisquer erros ou pecados que
tenha cometido, mas assegurar-se de que as lições apropriadas sejam
devidamente aprendidas na situação.
Terceiro, a pessoa pode ajudar a si mesma? Se puder, então a doação quase
nunca é apropriada, porque ela mina a capacidade da pessoa de ser o mordomo
de seus próprios recursos e habilidades.
Quarto, em que extensão essa pessoa já recebeu ajuda sua ou de outras
pessoas no passado? Quão provável essa pessoa vai receber ajuda no futuro?
Essa pessoa pode estar recebendo assistência “emergencial” de uma igreja ou
de um banco, uma após outra, dessa forma, sua “doação-só-desta-vez” pode ser
a décima que ela esteja recebendo recentemente.
Enquanto que muitas destas regras gerais golpeiam um acorde intuitivo quando
se trabalha com os materialmente pobres na América do Norte, muitos
ocidentais ignoram estes princípios quando trabalham com os materialmente
pobres no Mundo em Desenvolvimento. Comparados ao ocidente rico, os níveis
de pobreza no Mundo em Desenvolvimento parecem muito devastadores e as
pessoas parecem muito desamparadas. Em tal contexto, muitos ocidentais são
rápidos em fazer doações de dinheiro e de outras formas de ajuda
assistencial, mas que jamais pensariam em fazer o mesmo aos pobres de sua
terra.
É necessária muita cautela, não permita que suas emoções anulem o bom senso.
POUPANÇA
Juntamente com outros que fornecem financiamento bancário, estamos nos movendo para a ideia de que o projeto agora deve envolver a poupança regular dos clientes e também dos que aguardam na fila para receberem seus empréstimos. Isso significa que:
a. Antes que um cliente receba um empréstimo, deverá se registrar com o banco e permanecer na lista de espera, enquanto isso deverá poupar uma pequena quantia a cada mês para seu próprio benefício, para provar sua confiabilidade e seriedade. Geralmente, se tiver poupado 10 dólares poderá receber pelo menos 90 dólares, ou mais ao critério do banco.
b. Antes que um Banco possa ter capital adicional de procedência externa, deverá ter recebido previamente depósitos através de poupança ou investimentos ou ainda através de doações. Dessa maneira, um Banco que tenha $50 em poupança poderá pedir 5 vezes aquela quantia, que seria $250.
c. A DCI não mais fornecerá 100% do capital porque sentimos que deve haver alguma participação dos diretores do banco e dos próprios beneficiários pobres.
e. A poupança local deverá receber o pagamento de um pequeno juro e poderá ser usada para a realização dos empréstimos.
AS CLIENTES CASADAS
Estamos aconselhando grande cautela ao fazer empréstimos às senhoras casadas. Estudos mostram que em alguns casos, os empréstimos feitos às senhoras casadas são transferidos imediatamente aos seus maridos ou a outros membros da família, sem qualquer permissão ou consulta prévia. Depois essas senhoras são deixadas com o papel de responsáveis pelo pagamento do empréstimo, mesmo que não tenham renda, enquanto que seus maridos aproveitam-se do benefício sem contudo compartilhá-lo. As reclamações dessas senhoras têm levado a casos de violência contra elas mesmas, dessa forma esses micro-financiamentos não as têm ajudado, ao contrário, as tem prejudicado e tornado a vida mais difícil.
A DCI acredita que a preferência deva ser dada antes às viúvas, depois às mulheres solteiras, mulheres abandonadas e aos órfãos, antes que se beneficiem clientes homens ou senhoras casadas.
Em caso de uma solicitação de uma mulher casada, seu marido deverá ser entrevistado e os motivos deverão ser conhecidos, ele deverá ser co-responsável pelo empréstimo juntamente com sua esposa e ser igualmente responsável pelos pagamentos.
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