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Comentários para o Banco para os Pobres DCI

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Extraído do livro ‘When Helping Hurts‘ por Corbert e Fikkert

1. O modelo do micro-financiamento serve para você?

Muitas missões, igrejas, pequenos ministérios e indivíduos no Mundo em Desenvolvimento adotam o “Modelo do Provedor”, através do qual tentam competir com o mundialmente famoso Banco Grameen de Bangladesh e outros programas do Banco para os Pobres, ao estabelecerem um pequeno programa de Micro-financiamento, com a finalidade de fornecer empréstimos para pessoas pobres.

Infelizmente, missões, igrejas e indivíduos generosos são particularmente incompatíveis para fornecerem empréstimos, por duas razões.

1. Não possuem recursos técnicos, gerenciais e financeiros para crescerem o bastante e assim tornarem seus programas de empréstimos financeiramente sustentáveis. Se os mutuários sentem que o programa não vingará ao longo do caminho, param de pagar as prestações, causando assim a falência do programa. Para transformar uma cidade ou nação como o Grameen tem feito, um programa do Banco para os Pobres viável e bem sucedido, precisa de centenas, milhares ou dezenas de milhares de clientes, um número que está simplesmente acima da capacidade da maioria das missões, igrejas, agências e indivíduos. Entretanto indivíduos e pequenas agências podem indubitavelmente transformar as suas comunidades, como o Banco DCI tem feito em Aduku, Uganda.

2. Os crentes cristãos acham difícil compatibilizar sua cultura de graça e perdão com a disciplina necessária para fazer cumprir o pagamento das prestações dos empréstimos. Quantos pastores ou líderes de banco estariam dispostos a fazer cumprir o pagamento das prestações – através do confisco da garantia do empréstimo ou de bens – de uma viúva com cinco filhos que falhou em pagar seu empréstimo? Mas se o programa do banco não fazer cumprir o pagamento do empréstimo desta viúva, outros mutuários acharão que não precisam pagar seus empréstimos, e o programa fracassará. O micro-financiamento é um negócio difícil tanto quanto também é uma benção.

Muitos missionários e igrejas ignoram esta advertência e crêem que podem adotar, com sucesso, o Modelo do Provedor. Porém o horizonte está coberto com carcaças de programas de empréstimos fracassados, iniciados por pessoas bem-intencionadas.

2. O micro-financiamento sem dinheiro do Ocidente é possível

Considere como alternativa uma Associação de Poupança e Empréstimos.

Maria caminhou até a frente da Igreja Compaixão de Deus, em uma favela de Manila e testemunhou à congregação, “meu filho teria morrido se não fosse pelo apoio da Associação de Poupança e Empréstimos desta igreja. Eu pude fazer um empréstimo para os medicamentos, e eles também oraram por mim e visitaram meu filho doente.” Depois foi a vez de Camilla explicar como os membros da APE a encorajaram a tomar um empréstimo para que iniciasse um pequeno negócio de venda de biscoitos. Como resultado deste negócio ela tem podido satisfazer as necessidades diárias de seus filhos.

A Associação de Poupança e Empréstimos (APE) associada com a Igreja Compaixão de Deus realizou um total de quarenta e um empréstimos a juros baixos em termos relativos, recebendo 100% do dinheiro que foi emprestado. Além disso, os juros pagos pelos empréstimos possibilitaram aos membros da APE receberem dividendos sobre suas poupanças.

Mas as bênçãos foram mais do que econômicas por sua natureza. Os membros da APE oraram uns pelos outros e por suas famílias, e Deus respondeu suas orações: maridos encontraram empregos, crianças foram curadas, e relações partidas foram reatadas. Vizinhos de membros da APE comentaram sobre o amor e a preocupação que os membros demonstravam uns aos outros, assim os membros da APE convidaram esses vizinhos para comparecerem em suas reuniões semanais e estudos bíblicos. Estes não-membros receberam permissão para fazerem empréstimos da APE, a uma taxa de juros muito mais baixa do que aquelas praticadas pelos agiotas locais. E quando a APE iniciou seu segundo ciclo de poupança e empréstimos, os não-membros receberam permissão para se tornarem membros.

Muito extraordinariamente, essa APE que reflete uma abordagem alternativa ao micro-financiamento não requereu uma centena de doadores de dinheiro ou do gerenciamento por estranhos. Uma APE é uma união de crédito muito simples, na qual os pobres poupam e emprestam seu dinheiro uns aos outros. Cada membro contribui com uma quantia poupada pré-determinada ao fundo para empréstimos, em uma reunião semanal. Os membros da APE decidem quanto será emprestado do fundo do grupo, para quem será emprestado, e os termos dos empréstimos. Ao final do tempo pré-determinado, normalmente de seis a doze meses, cada quantia poupada dos membros é devolvida junto com os dividendos que foram recebidos da cobrança de juros dos empréstimos. É o micro-financiamento sem interferência ou dinheiro de fora!

O único papel da igreja, missão ou agências externas no modelo APE é simplesmente facilitar sua formação. O grupo da APE dirige seus próprios negócios e administra o dinheiro, em outras palavras, os pobres são capacitados a criar e gerenciar um sistema de poupança e empréstimos de somas de dinheiro únicas de que precisam. As reuniões do grupo também fornecem um contexto excelente para compartilhar a fé e o aprendizado sobre os caminhos de Deus que pode ser oferecido por uma missão, uma igreja ou pelos próprios membros do grupo.

As APE’s tem provado ser um modo altamente efetivo e estratégico a seguir no Terceiro Mundo pelas seguintes razões:

  • As APE’s são simples, podem trabalhar em pequena escala e não requerem estranhos para emprestar e coletar o dinheiro.
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